sábado, 30 de abril de 2011

Homenagem a Kabir Das


Yâ tarvar men ek pakherû


" Nesta árvore há um pássaro:  ele dança na alegria da vida.
        Ninguém sabe onde ele está: e quem sabe qual é
                            o refrão de sua música?
          Onde os ramos lançam uma sombra espessa,
                  ali ele faz seu ninho;e vem à noitinha
               e se vai pela manhã, e não diz uma palavra
                           sobre o que isso significa.
        Ninguém me fala sobre esse pássaro que canta em mim.
   Ele não tem cor;nem é incolor;ele não tem forma,nem contorno.
                           Ele senta à sombra do amor.
               Ele mora no Inatingível,no Infinito e no Eterno,
               e ninguém nota quando ele vem e quando se vai."

           Kabir Das,poeta indiano do século XV


-O pássaro que existe em mim tem uma bela plumagem colorida e um canto alegre como o amanhecer.Ele sabe que sua morada na minha alma é provisória .E ele canta a efemeridade da vida,enquanto espera pela eternidade.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Pedi permissão - 3 -

TARDE?

Minha fisioterapeuta Leila, que é alucinada por bichinhos, é a única pessoa que conheço que tem gambás de estimação, me pergunta: _ "Queria fazer veterinária, é minha grande paixão. Você acha que é tarde? Quando me formar já estarei velha!"
O que é ser velho, é a primeira pergunta que temos que nos fazer. Fiz sessenta anos. Sou velha? Não me sinto velha, mas sim , pareço uma valise antiga cheia de selos dos lugares por onde passei. Reinvento a vida todos os dias e estou sempre aberta para viver coisas novas. Minha pele é o pergaminho onde o tempo vai rabiscando a minha história, os meus poemas. O pergaminho fica cada vez mais fino e as histórias cada vez mais densas. Agora voltei a estudar inglês e vou para a Irlanda em setembro fazer um curso de imersão por duas semanas.Depois voltarei a estudar italiano. Quero ter quatro linguas bem afiadas para poder ler no original. Estou velha para aprender novas linguas? Claro que não. Há que aprender coisas novas até o final da vida. Se vivemos a vida como uma grande e surpreendente aventura nunca é tarde para nada.Talvez Leila comece a estudar veterninária.
- Roseana Murray em seu blog em 21 de abril de 2011-

-Leio diariamente o bolg dessa poeta,que admiro tanto.Essa fala me tocou diretamente: vou fazer 62 anos.Sou velha? Refletindo ,encontrei em suas palavras ,um pouco da minha história.E da minha esperança: estou sempre renascendo,a cada manhã.E aberta à aprendizagem.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Baú de memórias - 1 -


                                            Perfeição

            Céu escuro,nuvens pesadas,um frio cortante,em pleno final de agosto.Cinco minutos antes das 18 horas,chegamos ao Teatro Gravatá.Íamos assistir a "Ensina-se a viver",roteiro  e direção de Osvaldo André.
Um projeto beneficiado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura,que contempla a terceira idade.Os convidados principais da noite eram os participantes de centros de convivência.Uma noite de surpresas!O teatro estava lotado.Pessoas de todas as idades esperando,ansiosas.
            Marco Túlio Clementino( 23 anos),violonista e compositor da nova geração de músicos divinopolitanos,inicia a primeira  das inúmeras músicas.Pensei,admirando-o:o talento não morreu.No entreato,mostrou composições de sua autoria.As outras são cançonetas circenses e canções de autoria de Aparecida Nogueira( 92 anos),atriz e ex-artista de circo.Ela domina o palco:canta,dança,narra sua história de vida,declama  poemas de Fernando Pessoa,Álvaro de Campos,dela própria e de Osvaldo André.
            A  atriz troca de figurino,em cena,atrás de uma arara onde estão suas roupas e os objetos que serão usados  na encenação,com a ajuda da amiga e camareira ( também assistente de direção) Lúcia Rodrigues.
            A platéia ora ri,ora chora.Aplausos explodem,em intervalos.
            A música e a fala se entrosam,numa perfeita simbiose.E me ponho a  refletir: somos todos - artistas e público- filhos da arte.E sempre voltamos a nossa casa: um espetáculo artístico.E dele nos alimentamos.
            Lá fora, a noite enregelou meu corpo. Mas a alma...ah!Esta cantava e declamava louvores à vida e se sentia aquecida.E se sabia eterna.

Maria Neusa Guadalupe em 01/ 09/ 2009

- Durante os dias da Semana Santa,além de ler..ler..ler..arrumei algumas gavetas.Reencontrei preciosidades,como esse artigo  que saiu num jornal local.Acho que vale a pena publicá-lo aqui...ele e os outros.Aguardem.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

15- O susto


            Ela entrou na padaria e pediu um pão de queijo.Já estava há 5 horas sem comer  e se sentia um pouco tonta.Sentou-se na cadeira vaga e degustou ....hum..delícia.Resolveu procurar as moedinhas para adiantar quando chegasse sua vez no Caixa.Ao contá-las,uma escapuliu de suas mãos e caiu.Ela se inclinou para o rapaz que estava sentado a seu lado,pronta para pedir-lhe que pegasse a moeda,mais fácil ao seu alcance do que do dela.Ao observá-lo se curvar,pegar a moeda e colocar no bolso,seu gesto congelou.Como? Quando foi que pegar coisas alheias(desde uma moedinha a um carro ou....) fora permitido "pela Ètica e bons costumes"? Ela se retraiu,boquiaberta.E assim está até hoje.Assustada.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Irresistível


       "Não era simplesmente por amar lê-los.Sim,amava.Amava, todavia,mais forte e mais irresistivelmente as páginas,as letras enfileiradas,o cheiro do papel impresso.Amava-os por possuir, a posse que a encantava. Era preciso que ela os possuísse.Preciso e necessário.Tê-los ao redor,encarando-a,empilhados como aguardando pacientes pela escolha."
- Ana Luiza Teófilo - Livro da Tribo - 2011

- Fiquei sem aceso a net quase uma semana porque mudei de provedor.Foi bom descobrir o que eu já sabia,mas gosto de redescobrir sempre: os livros empilhados me atrairam e fui ao encontro deles,agora totalmente disponível.Não pela posse mas pela aventura...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Dia do beijo


          Mais essa agora!Como se precisasse...rs.
          Aproveito para provocar: vai um beijinho doce aí?

terça-feira, 12 de abril de 2011

" Algumas regrinhas para ser feliz"




 - Elogie pelo menos três pessoas por dia. -  elogio sincero,olho no olho,é bom demais.
- Assista ao nascer do Sol pelo menos uma vez por ano. – Durmo com as cortinas abertas e muitas vezes acordo junto com o Sol:um espetáculo e tanto.
- Tenha um aperto de mão firme e olhe as pessoas nos olhos - Eu tento e quando consigo,me sinto bem.
 
- Cante no chuveiro.
- Eu canto e andando pelas ruas também..ainda não fui presa.
-Gaste menos do que você ganha- Sinto muito,teria que nascer de novo.Sou impulsiva,mas pago depois.
- Saiba perdoar a si e aos outros- esse é um exercício diário Acho difícil perdoar aos outros.E impossível perdoar a mim mesma.
- Aprenda três piadas boas, mas inocentes.
- Não tenho memória e por isso não guardo,mas gosto de rir com elas.
- Devolva tudo que pegar emprestado.- Adoro emprestar e pedir emprestado...devolvo quase tudo.

- Trate a todos que você conhece como gostaria de ser tratado- a princípio é uma boa regra,mas na prática,só Jesus conseguiu.

- Faça novos amigos- adoro fazer novos amigos e adoro curtir os antigos também.

- Saiba guardar segredos- às vezes consigo,porque me esqueço deles.

- Não adie uma alegria- pequenas alegrias cotidianas fazem parte de mim.

- Reconheça seus erros- reconhecer,eu reconheço.Mas não repeti-los? Eis uma quase-utopia.
 
- Sorria, não custa nada e não tem preço- não acho que pra sorrir preciso ter dentes bonitos.Eu sorrio com os olhos, com as mãos...

- Não ore pedindo coisas, só sabedoria e coragem- aprendi recentemente com uma amiga: não peça,apenas sugira.E aceite o que a Vida lhe oferecer.
 
- Dê às pessoas uma segunda chance - muito difícil pra mim,que sou rancorosa.Mas tenho tentado mudar....

- Não tome nenhuma medida enquanto estiver zangado.- A raiva sempre me impulsionou para que eu saísse da inércia e fosse buscar o que eu queria..
.
- Dê o melhor de si no trabalho- o melhor de mim é difícil...tento ser o melhor que consigo ser naquele momento...

- Jamais prive uma pessoa de esperança - pode ser que ela tenha só isso- acho que a esperança não é milagrosa.Ela apenas nos mostra que somos capazes de trilhar nosso caminho.


 Recebi esse texto por e-mail e embora sem autoria, foi extraído da Revista Espírita Allan Kardec, ano VII, n.27. Eu já o conhecia, mas recebê-lo mais uma vez foi muito bom porque sempre traz alento, além de mostrar que, para ser feliz é preciso muito pouco. Vou comentar cada um de seus itens, já pedindo a quem conheça a autoria que me informe. Deixarei em negrito o texto recebido e em itálico os meus comentários. Espero que seja útil e agradável como o foi para mim. Espero também que ninguém o aceite como verdade absoluta e sim questione cada item. 
Maria Olímpia Alves de Melo
 -Mudei as respostas,no começo o computador me obedeceu e sairam letras diferentes.Depois tomou as rédeas e saiu como ele quis.De qualquer forma foi um bom exercício de reflexão.Agradeço a Merô  a autorização para colocar as questões aqui( embora tenha tirado suas respostas).





segunda-feira, 11 de abril de 2011

Rainer Maria Rilke


          " E eu ainda não sei se sou um falcão,uma tempestade ou uma grande canção."

- Para meu filho Luís Gustavo:falcão,tempestade,canção.   Com todo o meu amor e minha gratidão.
   E ele sabe por que.

domingo, 10 de abril de 2011

"Nenhum som teme o silêncio que o extingue"( John Cage)


"Em nossa cultura obcecada pelo barulho é muito fácil esquecer quantas das maiores forças das quais dependemos são silenciosas - gravidade, eletricidade, luz, marés, o não visto e não ouvido girar do cosmos. A terra gira, e gira rapidamente. Gira ao redor de seu eixo a cerca de 1.700 quilômetros por hora (no Equador); ela orbita ao redor do Sol a 107.218 quilômetros por hora. E todo o sistema solar gira através da galáxia a velocidades que eu mal ouso pensar. A atmosfera da terra também gira com eles, e é por isso que não sentimos o girar. Tudo acontece silenciosamente".
- Sara Maitland -


-Depois de dois dias em um curso,que há muito eu sonhara fazer....Depois de dois dias sem dormir,com pensamentos borbulhantes sobre o que eu ouvira,negara,assimilara....agora minha mente se aquietou e o silêncio é meu merecido descanso.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Consolo?!


Não é que o mundo seja só ruim e triste. É que as pequenas notícias não saem nos grandes jornais. Quando uma pena flutua no ar por oito segundos ou a menina abraça o seu grande amigo, nenhum jornalista escreve a respeito. Só os poetas o fazem.
Rita Apoena

-Diante da perplexidade e do sentimento de impotência que as tragédias me causam,busco  a luz ...Sempre a encontro na poesia.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Palavras sagradas


           “Antes de mais nada, como nós vemos, este símbolo da Lakshmi representa, como Eu lhes disse antes também, que uma pessoa que tem a Lakshmi deve ser muito generosa. Com uma mão, Ela está doando aos outros. Uma pessoa que é avarenta com Lakshmi é absolutamente contra o Princípio de Lakshmi. E uma pessoa avarenta assim nunca pode regozijar as bênçãos. E, gradualmente, ela começa a ficar cada vez mais pobre. Quando você começa a dar com a mão esquerda, isso significa que você abriu a porta para sua Lakshmi entrar. Então, a graça de Lakshmi vem em você.”
S.S. Shri Mataji Nirmala Devi, Diwali Puja, EUA, 29/10/2000

Dedico essas palavras a meu ex-sogro,que desencarnou hoje.
Meus filhos,seus netos,sempre foram abençoados pela sua mão esquerda.
E que a generosidade seja a sua herança.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Rita Apoena


"Sobre as estrelas

Deitada na grama, o céu empoeirado de estrelas. Passei o dedo e - curioso - algumas vieram grudadas na ponta. Olhei para cima e assoprei. Foi tanta estrela caindo que agora eu mal consigo enxergar de tanta esperança."

- Você já ficou paralisada de espanto ao sentir nascer dentro de si uma flor desabrochar? Rita Apoena faz isso comigo.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Insensata !!!!


Lembrete

Nao deixe portas entreabertas.
Escancare-as
ou bata-as de vez.                                                         
Pelos vãos, brechas e fendas
passam apenas semiventos,                                         
meias verdades
e muita insensatez.

Flora Figueiredo

Sempre fui de bater portas e fechá-las para sempre.
 Resolvi: vou entreabri-las.Algumas.
E estou sendo recompensada por essa atitude: emoções descartadas me visitam com uma nova roupagem.
Eu sou outra e elas também.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

14 - Efeito dominó

Efeito dominó


         Em 1993 minha mãe,aos 77 anos e morando novamente em Divinópolis,recebeu um pacote de livros,pelo Correio.E uma emocionante surpresa: o autor fora seu aluno no Grupo Escola Maria Tereza,na década de 1940,em São João del' Rei. E a dedicatória dizia: para minha professora primária,que me iniciou no amor pela literatura.
        Encantada com as histórias e as ilustrações,escrevi uma carta de agradecimento e a enviei à Editora.
        Anos depois eu ainda tinha uma curiosidade: será que ele a recebera?
        Recentemente,resolvi colocar o nome dele na internete e obtive uma lista enorme de informações.Através de seu site,escrevi um bilhete: eu queria lhe enviar o livro de histórias escrito por minha mãe em 1986 e que só agora conseguíramos editar.Em "Nossos animais de estimação" ela relembra os animais que possuíra na sua infância e, depois,os animais de estimação que os filhos criaram no fundo do quintal.As ilustrações foram feitas por Luís Gustavo,meu filho mais velho e são molduras perfeitas:alegria,cor e afetividade.
        O autor respondeu meu bilhete,enviando seu endereço em Belo Horizonte.
        Eu lhe enviei o livro mas não termina aqui essa minha história.Num domingo de março,o interfone toca e uma voz feminina diz: Tenho uma encomenda pra senhora,de BH.
Ao descer as escadas fico muda: o próprio autor,professor Ronaldo Simões Coelho,viera me agradecer e  me trazer um livro seu."Você se parece com sua mãe." E ali mesmo nas escadas conversamos rapidamente.Ele prometeu voltar com mais tempo.Eu lhe prometi um café com pão de queijo.
       Tentei,em vão,escrever um texto que retratasse minha emoção.E minha gratidão também.Só consegui esse relato,simples e direto.
       Os  sentimentos estão dentro de mim,egoístas.

domingo, 3 de abril de 2011

Colher o dia


            "Melhor é aceitar ! E venha o que vier! Quer Júpiter te  dê ainda muitos invernos,quer seja o derradeiro este que ora desfaz nos rochedos hostis ondas do mar Tirreno,vive com sensatez destilando o teu vinho e,como a vida é breve,encurta a longa esperança.De inveja o tempo voa enquanto nós falamos: trata,pois,de colher o dia, o dia de hoje,que nunca o de amanhã merece confiança."( Horácio)

- Hoje é o primeiro domingo de abril.Uma chuva fina e calma refresca as ruas da cidade e alivia o peso do meu coração:saudades.Vou colher o dia como se deve:com esperança curta e breve.

sábado, 2 de abril de 2011

Conto circular

Uma guerra perdida


         Era um País,era um Povo,um Povo com um Governo.Governo mandava e desmandava.Governo tinha muito.Povo quase nada.Povo obedecia e seguia,e quando não o fazia,morria.Todos eram tristes,só Governo que não.Esse sim era feliz. O Povo  na sua maioria ,aceitava o fato de que todos estavam condenados para sempre.
         Mas até que um dia,Povo acordou.Povo já não mais aceitava aquela mísera condição,não mais aceitava tanto sofrimento e, assim, lutou contra Governo.Governo tentou se explicar,mas Povo não se convenceu.
         Povo dizia:
         - Não há pretexto que justifique nossa prisão,sendo que podemos abrir a gaiola que nos prende.
         - Não há pretexto que explique como milhões podem morrer de fome ao lado de bilhões de quilos de comida.
         - Não há também desculpa que esclareça por que vivemos no escuro,se o Sol está lá fora.
         Povo se mobilizou.Governo não cedeu.Não dava,era ruim demais pra ser verdade,tantos anos de alegrias jogados fora tão repentinamente.Tanto prestígio e pavoneios do nada excluídos, como uma folha de papel amassada na mão de um estudante vira vítima da defenestração.
         Não...era difícil demais aceitar tudo aquilo.Governo chorou mas não cedeu.Aquilo tudo era um lago de um templo,sacudido por um maremoto.Era o coelho,doce e inocente,virando predador mais temido.Era  a criança simples a brincar que abandonava seu pião e pegava em armas para matar.
         Mais uma vez Governo chorava,mas não vacilava.Suas lágrimas eram como a poça d'água,que seca  no dia seguinte.
         Povo regozijava-se.Era uma palavra que fugia do dicionário e invadia a realidade: Esperança.Sim, era a Esperança.Povo era o pássaro vendo a porta da gaiola aberta.O rato indefeso que,uma vez nas garras do gato,via o gato morrer sufocado pela matilha.O suposto pecador,depois de morrer,sentia o calor do inferno,até que ouviu o diabo pedindo perdão"houve um erro nos nossos computadores.Seu lugar é no céu." O suicida ganhava na loteria,minutos antes de se enforcar.O fiel que pedira a Deus ,todas as noites,que pudesse criar asas para voar,já desesperançoso,ia largar sua religião,quando ganhou um avião.O indigente se sentava à mesa de uma farta ceia.
        Povo lutou,com a garra de um vulto que precisa encobrir o Sol.Governo resistiu,com a tenacidade de uma formiga gladiando com um elefante.Apesar de forte,Governo caiu,pois era pequeno.Apesar de fraco,Povo venceu,pois era grande.
        Povo estava feliz,mas aí aconteceu.Um pouco do Povo virou Governo.Para ser Governo,Povo não podia ser mais Povo.E Governo que é Governo não muda,é sempre o mesmo.É ovo de gavião,que formoso e indefeso,com o tempo,dá origem ao gavião que mata.Era outro Governo de um mesmo País.Era um País,era um Povo,um Povo com um Governo.Governo mandava e desmandava.Governo tinha muito,Povo,quase nada.Povo obedecia,seguia,e quando não o fazia,morria.Todos eram tristes,só o Governo que não.Esse sim era feliz.O Povo ,na sua maioria,aceitava o fato de que todos estavam condenados para sempre.

     Marcelo Alves de Paula Lima                               
     - aluno da segunda série do ensino médio                                 
     - da Escola Cooperativa Gralha Azul no ano de 2005                               

-Fui ( e ainda sou,apesar de não ter alunos regulares) professora de Redação durante mais de 15 anos.Vi milhares de textos desabrocharem das mentes de jovens criadores e criativos.Textos que davam voz  a emoções,a sonhos,a rebeldias,a frustrações,a esperanças.De quando em vez gosto de relê-los pois assim os trago para perto ,esses adolescentes tão amados por mim.Eles me dão  forças para  continuar acreditando que , através das nossas ações,nosso planeta-mãe vai se curar.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Aula de desenho

              Estou lá onde me invento e me faço.
              De giz é meu traço.De aço,o papel.
              Esboço uma face a régua e compasso.
              É falsa. Desfaço o que fiz.
              Retraço o retrato.Evoco o abstrato.
              Faço da sombra minha raiz.
              Farta de mim,afasto-me
              e constato: na arte ou na vida,
              em carne,osso,lápis ou giz
              onde estou não é sempre
              e o que sou é por um triz.

        -  Maria Esther Maciel -

- Ser por um triz: o milagre de reiventar-se sempre.